Sereníssimo e Soberano Grão Mestre

Sereníssimo e Soberano Grão Mestre

Talvez você saiba usar o termo Soberano ou Sereníssimo quando se refere a um Grão Mestre da Maçonaria, mas já parou pra pensar a origem do termo ou ao menos o porque do uso diferente a depender da obediência Maçônica?

O Grande Oriente do Brasil e a maioria dos Grandes Orientes Independentes confederados a COMAB, adotam o termo “Soberano” ao se referir ao seu Grão Mestre. Já as 27 Grandes Lojas brasileiras adotam oficialmente o termo “Sereníssimo” Grão Mestre.

O termo mais comum ao se referir ao Grão Mestre na lingua inglesa, é o de Most Worshipful, que pode ser traduzido de várias formas, como “Mui respeitável”, “Mui Venerável”, “Venerabilismo” ou até mesmo “O Mais venerável”. Há registros da utilização do termo de pelo menos 1721.

O termo era facilmente utilizado nos primeiros anos da Grande Loja Especulativa devido a uma questão lógica, se o venerável era chamado de “Worshipful”, o Grão-Mestre deveria ser chamado de Most Worshipful, ou seja “Mui Venerável”.

Uma observação aqui, é que durante algum momento da história, as lojas Brasileiras foram influenciadas pelas Grandes Lojas Americanas, comumente chamadas de “Most Worshipful Grand Lodge of…” daí então as Grandes Lojas Brasileiras decidiram utilizar essa nomenclatura também, porém traduziram “Most Worshipful” como “Mui respeitável” Grande Loja… Aparentemente um equívoco, já que no meio maçônico o equivalente a “worshipful” sempre tenha sido “venerável”. A resposta para essa adoção, está no fato de que muitas Grandes Lojas latino-americanas já haviam utilizado o termo “Muy respetable Gran Logia…” o que pode ter influenciado o termo utilizado em Português.

Agora vamos falar do termo sereníssimo. O Primeiro registro do termo “sereníssimo” utilizado em referência a um Grão Mestre vem da França, em 1743. Com a morte do Duque de Antin, Primeiro Grão Mestre da Grande Loja da França, Louis de Bourbon, conhecido como o Conde de Clermont, foi eleito seu sucessor.

O Conde de Clermont era um príncipe de sangue, e por isso detinha o direito de receber o tratamento de “Sereníssimo”, assim como os demais príncipes de sangue da França. Esse direito foi devidamente observado na Grande Loja da França durante sua gestão, em que foi chamado de “Sereníssimo Grão Mestre”, ou seja, um príncipe que ocupa o posto de Grão-Mestre.

Daí após 50 anos utilizando o termo sereníssimo de 1743 a 1793, a Maçonaria Francesa passou a considerar o termo como sendo maçônico. Já não tinha mais problemas utilizar dessa forma, pois a França já era uma República.

Agora vamos falar do termo maçônico “Soberano” utilizado no século 19. A verdade é que originalmente o termo utilizado pelo Grande Oriente do Brasil ao se referir ao seu Grão Mestre era “Sapientíssimo”. Durante 45 anos do século 19, entre 1832 a 1877, o termo correto utilizado era Sapientíssimo Grão Mestre do Sapientíssimo Grande Oriente do Brasil.

E não foi ao acaso que se utilizava desse termo, a explicação pra isso é o Grande Oriente do Brasil nos primórdios era conhecida como uma obediencia mista onde se misturavam os graus simbólicos e os altos graus, o que é considerado irregular pela comunidade maçônica internacional.

Somente em 1951 que o Grão Mestre desfez a irregularidade ao promulgar a nova constituição maçônica do GOB. Durante esse período misto, o Grão Mestre acumulava o posto de Soberano Grande Comendador. Era então utilizado o termo Sapientíssimo para Grão-Mestre e “Mui poderoso” para Soberano Grande Comendador. Esses termos acabaram caindo em desuso e talvez tenha sido pela extensão do título “Sapientíssimo Grão-Mestre e Mui Poderoso Soberano Grande Comendador”. A partir do ano de 1877 O uso do termo “Soberano” passou a ser utilizado.

Falando agora dos Grande Orientes Independentes que surgiram em 27 de Maio de 1973, eles parecem não terem chegado a um consenso. O Grande Oriente de Santa Catarina por exemplo, usa o termo Sereníssimo e o Grande Oriente Paulista apesar de inicialmente ter utilizado o termo soberano, desde 2003 usa o termo sereníssimo. A maioria dos confederados a COMAB utilizam o termo Soberano.

Esse vídeo não tem o intuito de determinar quem está certo ou quem está errado em seus termos quando se referem ao Grão Mestre, mas sim de esclarecer a origem e trazer a curiosidade sobre essa diversidade de termos maçônicos em nossa organização.

Blog No Esquadro, do autor Kennyo Ismaill

Matéria completa sobre os termos maçônicos citados

 

 

 

 

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